Brasil e a sua eterna promessa de se tornar uma potência
Brasil a eterna potencia que não se consolida em conforto para nós cidadãos que estamos tentando construir uma nação próspera.
Eu sei que você também já se revoltou com os serviços públicos, ou a ausência deles; como a falta de leitos nos hospitais, e pessoas que precisavam de UTI em corredores de hospitais lotados.
Nós brasileiros, de maneira geral, somos um povo que trabalha muito, pagamos nossos impostos, temos diversas riquezas naturais, e ainda assim, bem, você sabe. Nós também recebemos bem nossos visitantes. Tratamos tão bem os estrangeiros que algumas vezes chegamos a tratá-los melhor que nós próprios brasileiros.
São tantas coisas positivas que nós deveríamos viver num paraíso, não é?
Mas a verdade é como se tivéssemos pedido para um gênio malvado que as terras tupiniquins fossem um paraíso. E eles tivessem realizado tal desejo de maneira macabra. É como se tivéssemos tudo e ao mesmo tempo nada.
Longe de mim tentar encontrar uma solução para todos os nossos problemas, sou apenas mais um brasileiro, não sou economista, sociólogo, ou político. Sou apenas mais um que visitou o “paraíso” europeu e resolveu fazer uma comparação sincera.
Compartilho a minha raiva com vocês sobre tudo o que poderíamos ter e de fato não o temos. Eu citei apenas um exemplo básico da condição da dignidade da pessoa humana. Mas sabemos, ou deveríamos saber sobre outros, como os do artigo quinto da nossa constituição; todavia volto a lembrar que sou apenas mais um brasileiro, não um jurista.
Se você me leu até aqui, e costuma ler meus textos, sabe que vou trazer um pensamento não óbvio.
Tenho assistido a um reality show muito doido, e em certa medida até muito pesado; me sinto até mal por ver algo que é até mesmo cruel. Chama-se “Se sobreviver, case”. A premissa do show é colocar quatro casais na mata, para eles sobreviverem com os próprios esforços, e após um período de 20 dias, poderem decidir se de fato irão se casar ou não.
Vinte dias numa floresta. Ah, e todos estão pelados. Eles estão passando frio e fome; banham no rio e ainda precisam produzir o próprio fogo, consequentemente ficam respirando a fumaça da fogueira. Você até se sente mal por se entreter com o sofrimento de outro ser humano, mas o reality te prende.
O programa nos conduz para o drama. Chama a nossa atenção, nos prende do início ao fim, tem uma história, uma lógica, uma jornada do herói. Enquanto os participantes estão na pior, nós assistimos isso sentados no conforto do nosso sofá. Embrulhados em nossos cobertores. Alimentados. Com luz. Internet. Amor.
Você já ouviu falar que nós nos acostumamos muito rápido com aquilo que é bom? Você se acostuma num instante em ir de carro pro trabalho e deixar o ônibus lotado. Se você tem um transporte privado, nem deve mais se lembrar como é andar de ônibus.
O mesmo vale para a natureza brutal. Romantizamos a nossa integração com a natureza achando que poderíamos viver como se a natureza fosse um jardim do Éden. Sem as tecnologias humanas que demoraram milhares de anos para serem desenvolvidas, nós não sobreviveríamos.
A natureza simplesmente não conhece a dignidade da pessoa humana. Este é um conceito por nós, seres humanos, para nós seres humanos. E para esse conceito não ser apenas uma ideia vaga e abstrata que é levada pelo vento, necessitamos lutar por ele, para ele sair do campo das ideias e ser praticado.
Mas nós desejamos apenas a dignidade humana? Claro que não. Não basta termos um meio de transporte privado, desejamos o Porsche. Só que será que esse desejo é nosso de fato?
A resposta talvez esteja no meio. Não precisamos de todas as tecnologias humanas. Todo o conforto humano. Mas nos acostumamos. Eu mesmo já quase não uso o Google, utilizando IA para resolver quase todos os meus problemas tecnológicos. E que bom, me sobra mais tempo, mas mais tempo para quê? Para desejar mais desejos que não são meus?
Por isso o nosso Brasil é de fato um paraíso. Aqui existe tudo aquilo que precisamos, embora não tenhamos tudo o que desejamos.
No final do dia, quando fechamos os nossos olhos, será que vamos lembrar do conforto ou dos desafios que enfrentamos e superamos? Tenho certeza que os participantes do reality se transformaram e jamais serão o que eram antes.
O que aquece nosso coração no final do dia, são as pessoas que amamos. Por isso lugar no mundo melhor não há, e nunca devemos nos esquecer de que o melhor do Brasil é o brasileiro.

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