Você já se perguntou por que aquele hobby que te dava tanto prazer de repente virou uma fonte de ansiedade e pressão? Por que aquela coisa que você fazia só por amor agora parece ter que gerar dinheiro para ser válida?
Se você também quer manter um hobby como prazer, sem a loucura das redes sociais e monetização, então você está no lugar certo.
Hoje quero compartilhar como é perigoso o fato da internet ter transformado nossos passatempos em negócios.
E justamente, isso foi a minha maior dificuldade em escrever. Não se trata da complexidade da gramática da língua portuguesa; o português que falamos no dia a dia está há alguns quilômetros daquele necessário para compor um texto. O resultado é que escrever não é fácil, se torna uma tarefa tão árdua que às vezes é quase impossível.
Mas não é essa dificuldade. O maior problema para escrever é adaptar a rotina para conseguir tempo para desenvolver uma atividade como hobby.
Não podemos mais fazer nada por fazer. Por que fazer algo que te gera apenas satisfação, se é possível ganhar dinheiro ao empregar o seu conhecimento com a finalidade de ajudar outros seres humanos a se desenvolverem, ficarem ricos, saudáveis, felizes, ou não sei mais o quê?
E não se engane, essa é uma indústria realmente bilionária. Somente no ano de 2024 estima-se que os cursos baseados em hobbies faturaram entre 1,3 e 1,8 bilhões, BILHÕES de reais.
E isso por si só já é suficiente para me causar um conflito, pois há uma voz que entra dentro da minha mente e fica martelando: “vamos, vamos lançar um curso de alguma coisa, ficar rico”.
Mas é meu hobby, e talvez eu nem seja bom nisso. E não tem problema, é algo para que me gere satisfação e felicidade no processo.
Minhas melhores habilidades estão inclusive em outras áreas, que somente agora, depois dos meus 30 anos resolvi me dedicar e deixar esse espaço aqui para o meu hobby como ele deve ser: amador, no melhor sentido, algo que eu faço com amor, sem profissionalização e de doação voluntária.
E isso é algo que eu gostaria de ter, há coisas que nós vamos escolher fazer e esta coisa não nos trará nenhum retorno financeiro, nenhum reconhecimento externo, e mesmo assim, quando você se senta, você se diverte, você se orgulha, você é apaixonado, não apenas, você ama isso de fato.
E esse exercício de me sentar, de escrever, de colocar meus pensamentos de maneira organizada, coerente, e trazendo algum sentido para o caos que é viver neste mundo, já é suficiente para mim.
E por isso é tão difícil escrever. Escrever para mim não é algo profissional, e por não ser profissional, mesmo que eu ame, outras prioridades entram na frente.
Eu não vou deixar de ficar com minha esposa. Não vou deixar de trabalhar. Não vou deixar de encontrar com meus amigos. Não deixarei de fazer nada disso para escrever.
Eu desejo que fosse algo diferente? Que eu fosse um escritor profissional e meu sustento viesse daqui? Sinceramente, eu não sei. Escrever de maneira amadora me permite escrever tudo o que eu quiser. É uma liberdade que me liberta.
Desconfio que talvez todos nós deveríamos ter esse lugar, um local nosso em que podemos nos entregar a algo que nos liberta.

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