#0028 Você se esquece de tudo aquilo que você não se lembra

Isso fica mais evidente quando nos lembramos de nossa clássica aventura da adolescência para a vida adulta, em que precisamos encarar o temido vestibular.

Neste período nos dedicamos, pois não é mais apenas uma prova no fim do semestre, mas uma prova que avaliará todos os conhecimentos que adquirimos durante toda a nossa jornada do ensino médio. E se eu te perguntar se você se lembra de algum de todos os conhecimentos, tenho quase certeza que você não lembrará.

Você se lembrará caso sua profissão exija que você saiba alguma daquelas competências, ou caso você esteja estudando para algum concurso que tenha tais conteúdos no edital.

Mas tenho certeza absoluta que você se lembra do orgulho que foi passar no vestibular, de como foi raspar a cabeça para alguns. Do destaque que é: ele passou numa universidade federal. Isso fica, o destaque, a distinção.

E será que estudamos tudo aquilo para um futuro melhor? Para contribuir para a sociedade com novas descobertas e ciência? Ou desejávamos ser especiais, ser pessoas inteligentes que passaram numa universidade federal?

De toda a forma, nos esquecemos. Nós esquecemos de tudo aquilo que não lembramos. Confuso? É fácil entender, se nós paramos com as revisões do conteúdo, e não necessitamos daquilo em nosso dia a dia, então, simplesmente esquecemos. E se esquecemos por aquilo não ter valor em nossas vidas, qual o sentido?

Não, calma, é preciso sim de todos aqueles conhecimentos (amigo esse texto está quase negacionista, deixa eu ajustar isso aqui), pois por mais que não utilizemos em nosso dia a dia, nós gozamos do privilégio da descoberta de todos aqueles conhecimentos, como o simples fato de você ler isso num celular.

Nós necessitamos de repetir esse processo, talvez da forma como é hoje não seja a melhor forma. Mas eu não tenho conhecimento, nem estudo, nem repertório para dizer algo melhor, fazer uma crítica precisa, o máximo que consigo é contribuir com a minha limitada percepção da realidade.

De toda a forma, se você teve a casca para conseguir se destacar a ponto de passar num vestibular e concluir uma faculdade, você é apto para o trabalho. Você vai conseguir entregar as demandas, você vai saber lidar com prazo, equipe, pressão, e, o pior, estará preparado para fazer coisas sem sentido em troca de moeda.

Mas e quando temos que consolidar os aprendizados da vida? Apesar das instituições de ensino não ensinarem, precisamos aprender a lidar com o dinheiro, pensar em aposentadoria, aprender Excel, agora a moda é Python, ou ciência de dados.

Se não somos herdeiros, ou não temos talento para empreender, precisamos trabalhar, e isso que disse é o que o mercado exige hoje.

Nós precisamos de alguma maneira aprender, e não mais para passar numa prova. Precisamos resolver problemas reais. Trazer dados para tomarmos melhores decisões. Isso é a vida. Não se engane, o trabalho também é vida.

A vida é infinitamente mais profunda que uma prova, e talvez nós não queiramos saber todas as fórmulas de matemática, ou o nome de todas aquelas plantas da biologia.

Nós também precisamos aprender a lidar com aquele colega que não faz nada e não pode ser demitido. Aquele chefe doido que não faz a gestão correta e desconta as frustrações nos colaboradores. São tantos os desafios que precisamos aprender e memorizar que isso poderia ser um livro.

E mais uma vez, por mais imperfeitas que sejam as instituições, elas nos preparam para isso, de alguma forma conseguimos retirar energia do c* e seguir.

Nós só de fato nos lembramos daquilo que praticamos, aquilo que acrescentamos a nossa vida e tornamos nosso.

Aprender é também saber filtrar tudo aquilo que realmente desejamos aprender.

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