Você já sentiu como se você não pudesse ver os frutos do seu trabalho?
Este ano completou 12 anos que trabalho dia após dia. E no momento que eu escrevo esse texto, eu não tenho um centavo guardado no banco, mais que isso, se juntar todos os empréstimos que eu devo são mais de 150 mil reais.
Neste tempo já foram 144 salários, e na maioria de todos esses meses as receitas foram menores que as despesas, o que fez com que as dívidas só aumentassem.
Eu tenho certeza absoluta que você se identificou com essa história. Talvez você não deva tanto capital, mas tenho certeza que tem alguma parcela.
E eu me pergunto todos os dias: para onde foi esse dinheiro? Eu sou uma pessoa relativamente simples, e desde o meu terceiro mês de emprego eu já devo, desde aquela época as parcelas de empréstimos já sugam mais de 50% do meu rendimento líquido.
E sim, hábitos simples e com poucos gastos, mesmo assim o dinheiro foi embora. E nós, não somos apenas o que somos, nós também somos a expectativa dos que nos amam sobre o que nós somos. E sei que existia uma expectativa de que isso fosse diferente.
Saber que você rompeu isso, é devastador. Sinto exatamente os mesmos pensamentos daqueles que cometem suicídio por terem perdido uma parte da vida com aquilo que eles não queriam, por terem sido pegos em momentos vulneráveis.
Como justificativa para mim, para conseguir me olhar no espelho, eu mentia para mim mesmo dizendo que eu fiz isso também para ajudar os outros. Para ajudar minha família, para doar. Mas a verdade é que é dolorosa demais, tão dolorosa que demorei 12 anos para conseguir escrevê-la; é que fiz isso porque não consegui dizer não.
Dizer não para o fácil. Dizer não para tudo aquilo que me venderam, mas eu não queria comprar. Dizer não para o sistema que eu nunca acreditei que ia me satisfazer, mas mesmo assim eu acreditei e coloquei minha alma nele. Dizer não para a minha família.
Por outro lado, Deus proporcionou uma união inusitada. A minha esposa é o meu oposto neste sentido. Quando começamos a nos relacionar, ela tinha 10 mil no banco, enquanto eu, que ganhava 8 vezes mais que ela, não tinha nada.
Enquanto eu dizia sim para tudo. Ela se controlava. Ela tinha medo da ausência e sempre poupava uma parte de seus rendimentos. Eu, sempre aumentando meus empréstimos, pois já estava acostumado a viver uma vida que não era minha, enquanto os dígitos da dívida aumentavam.
Cada dia que se passa eu aprendo mais com ela. Você não pode tirar o seu sono, sua vida, para ajudar, só porque você ganha mais e deveria ter aquele dinheiro, se você não tem. De que adianta tantas ajudas, se essa dívida me tira o sono? Minha paz? Minha vida?
Enquanto ela conseguiu aprender comigo sobre generosidade. Conseguir partilhar até aquilo que não tem. Mas não sei se eu sou generoso de verdade, ou se essa generosidade é só mais uma camada para eu não encarar as minhas próprias fraquezas.
Essa seria a hora que eu daria uma solução, mas não existe solução mágica, é reduzir os custos e pagar; demorei 12 anos para conseguir uma dívida monstra assim. Talvez eu demore mais 12 anos para pagar.
Você tem dívidas, ou é do clube dos poupadores?

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