Quando assistimos algum filme sobre liberdade temos a sensação que liberdade é fazer o que desejamos.
Até relacionamos relacionamento com prisão.
Mas será que liberdade é tornar vivo os nossos desejos, sejam eles quais forem?
Deixa eu te mostrar um exemplo real: vemos uma pessoa comprometida e pensamos “tudo bem eu me relacionar com ela, eu sou livre, o problema é dela se trair”.
E entramos de cabeça nisso, vivendo, deixando os fatos acontecerem e significando essa narrativa para nós mesmos dizendo que está tudo bem, que não estamos fazendo nada de errado e que estamos apenas vivendo.
E tudo é fluido. Quando estamos com aquela pessoa é o infinito. Mas quando não estamos é o próprio inferno. Mas então acontece algo estranho. Começamos a sentir um incômodo que não identificamos de onde é.
Você sente raiva?
Eu sinto. Principalmente quando vejo injustiça. Há um desejo de intervir, vingar, fazer o mal àquele que comete a injustiça.
Mas temos limites, não é? Somos civilizados. Entendemos que fazer o mal a quem comete o mal não é justiça, é vingança. Tentamos evoluir o desejo da raiva para o desejo de justiça. Pelo menos dizemos isso para os outros, não sei o que falamos para nós mesmos.
Nós então concordamos que há um limite no que podemos conceder de nossos desejos? Se todos se tornam realizadores de desejos, demoraria quanto tempo para todos nós nos aniquilarmos? Certamente, alguém já sentiu raiva de você a ponto de querer que você desapareça.
Outro exemplo concreto é quando comemos chocolate, alguns psicopatas conseguem comer apenas um quadradinho. Já eu, falho miseravelmente, em vez de comer um pedacinho, como a barra inteira.
Estou sendo livre ao comer a barra inteira? Eu sei que a barra inteira faz mal para o meu corpo. Mas não consigo parar de comer ao comer um pedaço, é quase uma compulsão. Não me sinto livre, me sinto escravo do desejo.
Já quando opto por não comer um único pedacinho de chocolate, realmente, me sinto livre.
Então talvez o limite do desejo esteja no fazer o mal. Seria então esse o motivo do incômodo quando então estando “livres” ficamos com alguém comprometido?
O mesmo vale para traições. Por mais que para a nossa sociedade seja até esperado que os homens traiam as mulheres.
Se você não tem a escolha de conseguir parar com algo, você é livre?
Não seria isso a causa da sua insônia? Esse erro na conceituação de liberdade?
Nós somos livres quando conseguimos dizer não.
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